O discurso de ódio é definido pelo Facebook como um “conteúdo que ataca as pessoas com base em sua raça real ou percebida, etnia, nacionalidade, religião, sexo, gênero ou identidade de gênero, orientação sexual, deficiência ou doença”. Nos últimos anos, mensagens incitando ódio na internet tornaram-se comuns, enquanto dezenas de organizações e a sociedade civil começaram a tomar medidas para lidar com esse tipo de discurso. Embora as iniciativas contra-extremismo (C.E)  tenham sido escrutinadas por acadêmicos e jornalistas, Charlie Winter e Johanna Fürst notaram que ainda existe uma lacuna na pesquisa quando se trata de questões práticas. A pesquisa Challenging hate: Counter speech practices in Europe foi publicada em 2017 pelo Centro Internacional para o Estudo da Radicalização (ICSR), King’s College London.

Para entender o papel do financiamento e da recepção de audiência no sucesso das campanhas, os autores decidiram realizar um estudo comparativo entre três países da Europa – Inglaterra, Alemanha e França.

A metodologia foi dividida em três subseções, uma para cada um dos países em questão, para fornecer uma breve visão geral das iniciativas contra-extemismo (CE). Foram explorados os vários tipos de atividades governamentais, não governamentais e da sociedade civil desenvolvidas em cada país. Com base neste estudo comparativo, os autores conseguiram estabelecer uma lista de cinco recomendações para ativistas e praticantes de contra-extremismo:

1- Questões de M & A: As métricas de monitoramento e avaliação fornecem às autoridades informações importantes para desenvolver outras estratégias contra-extremistas. Assim, iniciativas de contra-fala devem desenvolver formas efetivas de medir projetos antes de lançá-los. Isso pode aumentar a credibilidade do projeto e, assim, atrair possíveis patrocinadores.

2 – Seja criativo: campanhas incomuns e inteligentes têm maior probabilidade de se tornarem virais. Como Daesh produziu propaganda de formas não convencionais para melhorar seu alcance global, a criatividade pode ser uma ferramenta poderosa para ampliar significativamente as campanhas contra-fala e C.E.

3 – Pense obliquamente: os ativistas devem encontrar maneiras de fornecer medidas reativas e proativas em sua abordagem estratégica porque com muita  frequência as mensagens de contra-fala são limitadas ao fornecimento de respostas à propaganda extremista. Se eles restringirem suas práticas, apenas argumentando contra reivindicações extremistas, os grupos de contra-discurso correm o risco de inadvertidamente alimentar mensagens extremistas em vez de efetivamente desafiá-las.

4 – Calibrar cuidadosamente: boa contra-fala é direcionada contra a fala. Embora seja tentador atingir o maior número de pessoas possível, nem sempre é uma boa ideia. Mensagens claras e com público-alvo específico, maximizam sua eficácia porque elas terão maior probabilidade de ressoar entre um grupo específico de pessoas.

5 – Não complicar demais: ter estruturação simples e meta realista são melhores do que tentar resolver todos os desafios apresentados pelo extremismo. As campanhas contra-fala e C.E não precisam cobrir todas as áreas. Ativistas e organizações devem trabalhar juntos para oferecer uma resposta holística ao extremismo em todas as suas formas.

Esta pesquisa oferece um amplo e exploratório estudo comparativo de uma gama de contra-fala e iniciativas de CE na Europa. Portanto, pode-se encontrar um grande número de exemplos que dão uma idéia de quão diversas são as práticas de CE e contra-fala na Europa.

The full article can be accessed here: http://icsr.info/2018/03/challenging-hate-counter-speech-practices-europe/

 

By Ramon de Andrade (UFRJ / Brazil)

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