A ONG Britânica foi a única, na trajetória do Luxembourg Peace Prize, a ganhar na categoria “Organização da Paz” sem ter fundos ou patrocínios

 

Em 2 anos de existência, o Words Heal the World formou uma família que luta pela mesma causa. Com a troca de experiencias e o ensino da comunicação, o Words Heal lapida os talentos dos nossos voluntários e os direciona para o bem. O novo reconhecimento sinaliza que a família segue na direção certa. O objetivo sempre esteve claro, está no nome. A certeza que motiva nosso trabalho é saber que nossas palavras curam o mundo. O Words Heal foi a primeira organização não governamental, sem patrocínio ou fundos, á ganhar o Luxemburgo Peace Prize 2020.Nossa fundadora, Beatriz Buarque, conta como foi receber esse prêmio que, excepcionalmente, é entregue pela importância do trabalho feito por nós, alunos. A Bea, como ela insiste em ser chamada por nós, gravou essa entrevista comigo. Entrevista não, um bate-papo porque na nossa ONG são os laços de amizade que nos unem e nos tornam mais fortes.

 

Words Heal the World: Primeiro, qual o sentimento de conquista por uma causa tão nobre?

Beatriz Buarque: Foi surreal! Nunca imaginei que em pouco tempo teríamos esse reconhecimento. Recebi uma mensagem da pessoa encarregada, e minha vontade era de sair gritando! Esse caminho não é fácil, tive que romper com muitas coisas, muitos padrões, e várias pessoas me julgaram. Também, tive problemas familiares, meu filho teve que aprender a conviver com isso, ele teve que renunciar à mãe dele para ela ficar à frente dessa causa. O sentimento foi de que eu estava na direção certa, mesmo com os julgamentos e desafios. O Words Heal the World nasceu por uma causa e está na direção certa.

 

Não é o primeiro Prêmio do Words Heal (a ONG ganhou o prêmio Transcendence em 2019 concedido pela Universidade do Estado de Michigan – EUA), o que essa experiência com o Luxembourg Peace Prize 2020 traz de especial para nosso trabalho?

BB: O Words Heal como projeto tem dois anos (vai completar 3 anos no mês que vem), e como ONG tem apenas um. Nesse curto espaço de tempo, apesar de não termos patrocínio, tivemos dois prêmios muito relevantes. Isso no currículo dos alunos é muito importante. O trabalho voluntário é bastante reconhecido aqui fora e seria ótima se essa tendência também se firmasse no Brasil. Além disso, acho que o que conta mais para os alunos é a experiência dentro do Words Heal the World porque somos uma família, estabelecemos laços com os alunos, somos uma rede que compartilha experiências e crescemos juntos. Isso não tem preço! Faço questão de dizer que o prêmio é de cada um, porque cada um é igualmente importante. O prêmio é um reconhecimento. O que é mais importante no Words Heal the World é que podemos usar nosso talento, nossas palavras nas mídias sociais, é isso que faz a gente único, e que me estimula a seguir adiante.

 

Como esse reconhecimento pode fazer o trabalho do Words Heal the World crescer? Quais são as oportunidades que podem vir com isso?

BB: Vivemos em um mundo muito competitivo, o Words Heal the Worlds não é a única ONG que combate o extremismo, e que desafia o discurso de ódio. Existem dezenas de ONGs que fazem isso, existe um mercado para isso. O fato de colocarmos os alunos como os desenvolvedores de estratégias contra o extremismo é a originalidade que está trazendo esses prêmios. Tenho refletido muito, ultimamente, porque tenho a mente criativa de jornalista, para compartilhar minhas experiências com os jovens, tenho a mente analítica, que é necessária para desenvolver uma teoria nova. No entanto, quando falamos de talentos empresariais e visão de mercado, são coisas que preciso melhorar e isso de um certo modo tem afetado o Words Heal, pois ainda não conseguimos patrocínio. Espero que esses prêmios tragam a visibilidade que a gente precisar para maximizar nossas ações.

 

Creio que existam duas coisas principais no trabalho do Words Heal: a ponte entre o conteúdo acadêmico e a sociedade e o rastreamento de diferentes tipos de extremismo, pode falar a importância deles para todos os que acompanham o nosso trabalho?

BB: O Words Heal é único poque coloca os jovens como principais desenvolvedores de estratégias de combate ao discurso de ódio e ao extremismo. Além disso, constrói uma ponte entre a sociedade civil e a academia. Essa pontes é extremamente importante porque torna o nosso trabalho sustentável. Ela preenche um gap que existe entre academia e sociedade. O que são esses gaps? As universidades precisam tratar de assuntos como racismo, intolerância religiosa, homofobia e misoginia só que elas não têm ferramentas especificas para tratar desses temas. As ONGs, por sua vez, têm programas específicos para tratar disso, mas têm recursos limitados. Muitas vezes, elas não têm como pagar uma equipe de mídia. O Words Heal the World vai e preenche esses dois gaps: temos uma equipe de alunos de jornalismo, estudantes com talentos em mídias sociais, produzindo conteúdo que combate o discurso de ódio. Ao mesmo tempo em que estimulamos o pensamento crítico deles, os empoderamos para que possam combater o discurso de ódio e também promover o trabalho de organizações que atuam no combate à radicalização.

 

O que a “Bea”, de agora , recebendo esse Prêmio, pode falar para a Beatriz Buarque, de 2 anos atrás, que teve uma reviravolta na carreira e abraçou o Words Heal com tanto empenho, acredito que teve um momento cheio de incertezas, qual seria uma mensagem que você quer dizer para ela?

BB: Eu acho que a” Bea” de hoje falaria uma frase simples: Valeu a pena.

 

Por Gabriel J. (UFRJ – Brazil)

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