Em tempos de pandemia, o ensino a distância (EaD) se tornou o maior aliado para dar continuidade aos estudos. Entretanto, para os vestibulandos sem essa alternativa e sem previsões de suspensão do ENEM, a realidade se mostra bem diferente. Foi com essa motivação que três alunos da FGV (Fundação Getúlio Vargas), no Rio de Janeiro, criaram o ‘Escrevendo na Quarentena’. Visando fornecer acompanhamento e aulas online gratuitas de redação, o projeto que, inicialmente, pretendia atender apenas alguns colegas, já conta com 54 colaboradores e quase 80 alunos.

 

A iniciativa de Giulia Moreira, Cecília Oliveira  e Allan Anjos possibilita os alunos a continuarem os estudos para o vestibular de 2020. O projeto, que funciona por meio de chamadas de vídeo, surgiu em abril a partir do questionamento sobre as diferenças nas condições de acesso dos estudantes a uma preparação adequada.

 

“Quem estuda em escola pública ou faz cursinho popular vai ser muito mais prejudicado por conta da quarentena” destaca Giulia. “Querendo ou não, essas pessoas não estão tendo aula. Às vezes elas não tem nem acesso à internet ou a computador, não tem livro didático. Quem estuda em escola privada tem aula EaD, monitoria online: todas as condições materiais possíveis”.

 

Embora os problemas causados pela pandemia possam dificultar a motivação para os estudos, os 78 alunos do ‘Escrevendo na Quarentena’ encontram, dentro da ‘sala de aula’, sua inspiração para a tão sonhada vaga na universidade. Dois dos idealizadores do projeto, Allan e Cecília, que são negros e eram estudantes da rede pública, entraram na FGV através de um pré-vestibular social.

 

“Acho que é importante no sentido de eles se verem representados e enxergarem que também podem ocupar esse lugar (ensino superior)” explica Giulia sobre a importância de tal representatividade para motivar os alunos.

 

A importância da iniciativa é intensificada pelo fato de os alunos, além de terem que lidar com a pressão e o estresse já causado pelos vestibulares, enfrentarem problemas pessoais por causa do isolamento. Por isso, a fim de atender a essas demandas, o projeto é dividido em quatro áreas: planejamento, administração, correção e acompanhamento individual. Esta última, por exemplo, garante um contato mais humanizado e contribui para a criação de uma rotina de estudos e de atividades.

 

Além disso, a iniciativa também tenta demonstrar o valor da redação – que não se resumiria às notas nos exames. “A redação é importante não só para você passar no vestibular, mas ela serve também como um instrumento de raciocínio e análise crítica” enfatiza Giulia, que também considera esse pensamento uma maneira de contribuir com o engajamento dos alunos.

 

O ‘Escrevendo na Quarentena’ funciona através de uma plataforma de chamadas de vídeo, o ‘Zoom’. Nesse formato, o projeto fornece aulas ao vivo todos os sábados, além de disponibilizar atividades e possibilitar interação entre os alunos.

 

Por Maria N.  (UFRJ – Brazil)

 

 

 

 

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